segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Uma Lição de vida : "Morrer de Amor!"


A vida é uma caixa de segredos que nos vão sendo revelados aos poucos ao longo dela. Alguns desses segredos, que no fundo são lições de vida, apresentam-se como surpresas, umas boas outras nem por isso… Hoje vou partilhar convosco uma dessas histórias que apesar de não ter se passado comigo, convivi com ela de perto e aprendi muito. E estou a dar o testemunho, para que alguém no mundo também aprenda e não tenha que passar pelo mesmo. Todos nós já ouvimos falar dos amores que acabam mal, com Romeu e Julieta… ou então como Inês de Castro, que foi morta por amar D. Pedro. E o mais provável que cada um de nós conheça alguém que passou por um amor que terminou com a partida de um deles. Mas morrer de amor, ou de falta dele… acho que não. Sempre pensei que fosse um tanto ou quanto platónico, só mesmo nos livros, em novelas ou em algo semelhante. O fim de uma relação, normalmente, cada um segue o seu caminho, levando as recordações dessa mesma relação. Pode porém acontecer que nos primeiros tempos, possamos viver num mar de fortes emoções, mas nunca morreríamos por amor ou mesmo por nos separarmos da outra pessoa. Há 2meses para cá mudei essa opinião, ao ter acompanhado uma pessoa que vi a morrer aos poucos por amor. Uma jovem com um diagnostico de uma doença muito grave, dessas doenças que chamamos ”malditas”, que vão roubado a saúde ao poucos. Foi difícil para ela, no momento que lhe foi informado o diagnóstico. Nunca podemos imaginar, se não passáramos pelo mesmo ou algo parecido, a dor que ela possa ter sentido dentro dela, a revolta, o porquê de ser ela, afinal não passava de uma jovem que ainda estava a acabar de tirar o curso. Começaram logo pelos tratamentos mais duros, e ela entrou num buraco gigantesco, onde os amigos desapareceram, mesmo a própria mãe não dava muito apoio, isto só mais tarde ao ler um diário que ela escrevia é que soube. Um dia como ela escreveu, apareceu um príncipe na sua vida, para quem sabe, salvar a princesa. Durante algum tempo a princesa sorriu, foi feliz mesmo com uma doença a viver dentro dela. Quando recebi aquele telefonema ao final da manhã de um dia de Novembro, nunca pensei que seria para ir buscar alguém ao hospital, alguém que eu pouco conhecia mas que tinha alta, porém ninguém para cuidar dela e sendo da família decidi traze-la para minha casa. Uma alma linda tanto por fora como por dentro, apesar do mal que carregava, e de certo também a revolta, a dor, raiva entre outros sentimentos, sorria. Sorria como se não houvesse amanhã, sempre com esperança, sempre com ânimo, a verdade é que muitas vezes era ela que me animava, em vez de ser eu. Sabem porquê? Porque simplesmente amava alguém que segundo ela também a amava. Durante o resto daquele mês de Novembro, eu via a recuperar a uma velocidade que nem sei descrever, porém no 2 fim-de-semana de Dezembro, deixou de comer, de falar, de viver. Parecia um vegetal que encontrava-se naquela cama. Só dias mais tarde, quando vi que ela não comia tentei perceber, e ai, descobri a dura realidade do que se passava com aquele ser que tempos antes me sorria. O príncipe tinha partido, tinha a deixado e com ele levou a vontade de viver dela, os sonhos, a força, a alegria…Tentei por tudo, mas ela não queria comer, na semana de natal foi internada, porém não havia muito a fazer, lembro-me dos berros que ela dava por causa das dores, lembro-me de darem a comida pela sonda e ela vomitar, como se o organismo dela estivesse a dizer “deixem me morrer em paz”.Os médicos enfermeiros auxiliares todos foram de uma perseverança enorme. Lutaram até ao ultimo momento ao lado dela. Na véspera de Ano novo, fui visita-la, como fazia todos os dias. Ela estava linda como sempre, apesar do pouco cabelo, mas sorriu para mim e disse-me numa voz muito baixinha e muito fraca “dentro do meu caderno tem uma folha de papel, faz-me o que está lá escrito” e uma lágrima desceu pela cara. Só tive coragem de acenar com a cabeça que sim. Estive cerca de 1hora com ela ali calada, com o meu coração apertado tentando perceber o porquê daquilo que ela me tinha dito. Antes de me ir embora, Dei-lhe um beijo na testa e disse “vê lá se entras bem no ano” ao que ela me respondeu “vou entrar, vou deixar de sofrer” e sorriu. Eu sorri e sai. Pensando que ela estaria um pouco melhor e animada… Nunca pensei que ela ia partir na manhã do dia seguinte, dia de Ano Novo, aliás pensei que ela ao dizer que ia deixar de sofrer, referia-se a notícia do dia anterior, do possível dador que tinha sido encontrado. A morte dela caiu como uma bomba, mas porquê? Quantas mensagens eu enviei ao namorado, quantos e-mails outras pessoas enviaram, quantas chamadas foram feitas? Não entendo o porquê? Numa situação destas, devemos ser humanos, ajudar, nem que fosse uma carta, uma mensagem. Algo que a fizesse ficar um pouco mais. Que ela se agarrasse que ficasse forte. Morreu porque deixou de querer viver sem ele, deixou de ter a força que ele lhe dava, perdeu o seu objectivo. Com este texto não quero condenar, nem apontar o dedo a ninguém, o mais provável é que o rapaz seguiu a vida dele, desligando-se do passado, guardando as recordações sendo elas boas ou más. Somente tenho pena por duas coisas, porque tenho uma caixa grande para lhe entregar e nem sei como vou fazer, porque se ele quis desligar do passado, vai ser difícil de entregar. E de ele não ter ido a cerimónia que foi feita junto ao mar onde foi depositadas as cinzas. Acho que ela onde estivesse iria gostar de o ver lá. Mas como eu disse anteriormente, ele deve ter seguido com a vida dele, como qualquer um de nós, pensando que ela iria fazer o mesmo. Porém devemos ter sempre cuidado, para que casos como este não venham a acontecer. Desligarmos do passado sim, mas nunca das pessoas que um dia foram muito importantes para nós. Porque um dia podemos sermos nós a estarmos na mesma situação. Apesar de saber que provavelmente não irás ler, aqui fica o que escrevi no ramo de flores que levei para ti…”Minha querida, onde estiveres espero que estejas bem, que o vejas tanto quando me pedias todos os dias, e que o ajudes sempre, porque um dia te fez ter um sorriso maior e mais lindo do mundo. Já sinto a tua falta. Tentarei como poder realizar todos os teus desejos e pedidos, mesmo os mais difíceis. Obrigado pela grande lição de vida, que foste para mim. E um dia daqui a muitoooooos anos dar-te aquele grande Agraço que ficou por te dar. Obrigado”

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